92. “O discípulo missionário de Jesus Cristo, necessariamente, vive a sua fé em comunidade, em íntima união ou comunhão das pessoas entre si e dela com Deus Trindade. Sem vida em comunidade, não há como viver efetivamente a proposta cristã. A comunidade eclesial acolhe, forma e transforma, envia em missão, restaura, celebra, adverte e sustenta” (DGAE 2016-2019, n. 55).
93. Ao destacar a importância da dimensão comunitária da vivência da fé, não se pode ignorar que hoje existem comunidades transterritoriais, ambientais e afetivas. Entretanto, é na paróquia que a maioria das pessoas se relaciona com a Igreja. Por isso, as paróquias “precisam tornar-se cada vez mais comunidades vivas e dinâmicas, capazes de propiciar aos seus membros uma real experiência de discípulos e missionários de Jesus Cristo, em comunhão” (DGAE 2016-2019, 56).
94. A Carta Pastoral “Paróquia, torna-te o que tu és” (2011) ajudou a tomar consciência de que “a paróquia é, na expressão local e concreta, aquilo que a Igreja é no seu todo. Na paróquia, a Igreja manifesta de maneira próxima e perceptível sua vida e sua missão; ela é uma comunidade organizada de batizados, de bens espirituais, simbólicos e materiais, de organizações e iniciativas, que fazem a Igreja acontecer num determinado espaço e contexto. (...)A Igreja corre o risco de “rodar no vazio” e de ser reduzida a uma série de estruturas, instituições e organizações, sem chegar às pessoas concretas, se as paróquias não vivem bem sua identidade e missão e não são a expressão de comunidades vivas e dinâmicas, ou se carecem de objetivos e organização pastoral” (Carta Pastoral – Paróquia: torna-te o que tu és! p.5).
“A paróquia não é uma estrutura caduca; precisamente porque possui uma grande plasticidade, pode assumir formas muito diferentes que requerem a docilidade e a criatividade missionária do Pastor e da comunidade. Embora não seja certamente a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar constantemente, continuará a ser a própria Igreja que vive no meio das casas dos seus filhos e das suas filhas. Isto supõe que esteja realmente em contato com as famílias e com a vida do povo, e não se torne uma estrutura complicada, separada das pessoas, nem um grupo de eleitos que olham para si mesmos. A paróquia é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração. Através de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário” (EG 28).
95. No seio das paróquias, existem as comunidades eclesiais de base e outras comunidades menores, como as várias formas de agregações de fiéis, novas comunidades, movimentos eclesiais e pastorais; essas propiciam vínculos profundos entre as pessoas e a interação entre fé e vida (cf. Carta Pastoral, n.60).
96. Indicações Pastorais
- Que as paróquias busquem e cultivem formas comunitárias de viver a fé e se transformem em comunidades de comunidades vivas e dinâmicas de discípulos missionários de Jesus Cristo. Incentivar as pessoas a participarem da Missa dominical e dos eventos importantes da paróquia. Criar oportunidades para a participação efetiva de crianças e jovens na vida das paróquias e comunidades.
- Investir na setorização em unidades territoriais menores, com equipes próprias de animação e de coordenação, que permitam maior proximidade com as pessoas e grupos que vivem na área. As paróquias e comunidades façam um levantamento da realidade local, no que diz respeito à educação, saúde, moradia e trabalho, ao número de templos religiosos de diferentes denominações cristãs e de outras tradições religiosas presentes no território paroquial; e da frequência à Missa, à catequese, aos Sacramentos, sobre as pessoas doentes, pessoas idosas e com deficiência.
- As CEBs, inseridas nas suas respectivas paróquias, sejam estimuladas e ajudadas a manterem-se fiéis à sua razão de ser e sua missão de promover a interação entre fé e vida, o surgimento de vocações e de novos ministérios leigos, a educação da fé de jovens, crianças e adultos, o compromisso evangelizador e missionário junto aos mais afastados.
- Apoiar e orientar as novas comunidades, movimentos, grupos de vida, de oração e de reflexão da Palavra de Deus; que a paróquia se torne, com a participação de todas as expressões comunitárias nela existentes, comunidade de comunidades.
- Favorecer e estimular, de forma organizada e integrada, a experiência das paróquias-irmãs em toda a Arquidiocese, para promover a partilha e a comunhão dos recursos entre comunidades já estabelecidas e as mais novas, ou carentes de recursos.
- Constituir em todas as paróquias o Conselho de Pastoral Paroquial e o Conselho de Assuntos Econômicos, garantindo assim a comunhão e a participação (CNBB, Doc. 100, 319, e).
- Paróquias e comunidades organizem o serviço de escuta e acolhida, com equipes de voluntários de diferentes profissões, para ajudar as pessoas que buscam ajuda e orientação social, médica, psicológica, religiosa, profissional, entre outras.
- Estimular a vida fraterna e solidária entre os paroquianos, mediante a criação de grupos de voluntários formados por profissionais, para o atendimento aos doentes, idosos e necessitados, em especial, nas paróquias da periferia.
- Promover a implantação da Pastoral do Dízimo nas comunidades, visando à manutenção das mesmas e à formação da consciência da partilha e da responsabilidade de todos os fiéis na manutenção da vida e da missão da Igreja.
- Dar a devida atenção aos condomínios e conjuntos residenciais populares (Doc. 100, 319, j).
- Acompanhar as grandes mudanças e operações urbanas (surgimento de novos condomínios e de novos bairros, adensamento populacional de algumas áreas da cidade, concentração de comunidades de migrantes) no sentido de garantir a presença física e efetiva da Igreja em toda a cidade.
- Urgências na Ação Evangelizadora e Pastoral
- 1ª urgência: Igreja em estado permanente de missão
- 2ª urgência: Igreja – Casa da iniciação à vida cristã
- 3ª urgência: Igreja – comunidade animada pela Palavra de Deus
- 4ª urgência: Igreja – comunidade de comunidades
- 5ª urgência: Igreja Misericordiosa a serviço da vida plena para todos
- 6ª urgência –Igreja: família de famílias