97. Por meio da promoção da cultura da vida, os discípulos missionários de Jesus Cristo testemunham verdadeiramente sua fé naquele que veio dar a vida em resgate de todos, comprometendo-se do modo especial com os pobres e excluídos, em vista da construção de uma sociedade justa e fraterna (DGAE 2016-2019, 64).
98. Um dos grandes testemunhos da Igreja, ao longo da sua história, é o seu compromisso com a pessoa e a vida, mediante o cuidado dos doentes, pobres, feridos e submetidos à violência ou ameaça de morte. Também na nossa época, a fé se torna eloquente aos olhos dos homens quando se traduz em serviço à vida. “A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos. A fé é um bem para todos, um bem comum.” Nesse sentido, a nossa fé católica é um bem para a cidade de São Paulo (LF 50-51).
99. A dimensão social está fundamentada na Palavra de Deus, nas reflexões dos Santos Padres e no Magistério da Igreja, especialmente na Doutrina Social da Igreja, para nortear a reflexão e ação do povo de Deus, como sinal de Cristo, bom Pastor, que acolhe de modo samaritano os irmãos e irmãs que vivem em situação de miséria, exclusão e sofrimento. “A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma ajuda a outra a realizar o seu caminho. De fato, não poucos cristãos dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio rosto de Cristo. Em virtude da fé, podemos reconhecer naqueles que pedem o nosso amor o rosto do Senhor ressuscitado” (PF, 14).
100. Os católicos não podem se calar diante da vida impedida de nascer, por decisão individual, ou pela legalização do aborto. Não podem se calar igualmente diante da vida sem alimentação, casa, terra, trabalho, educação, saúde, lazer, liberdade, esperança e fé. Mas precisam comprometer-se com um mundo onde seja efetivamente reconhecido o direito a nascer, crescer, constituir família, seguir a vocação, crer e manifestar sua fé; com um mundo onde o perdão seja a regra, a reconciliação, a meta de todos, a tolerância e o respeito, condição de felicidade e a gratuidade, vitória sobre a ambição. O discípulo missionário reconhece que seu sonho por vida eterna o leva a ser, já nesta vida, parceiro da vida em plenitude.
101. Indicações Pastorais
- Ter um olhar atento para a família, de acordo com as orientações da Igreja. Ela é patrimônio da humanidade, escola de comunhão, o primeiro lugar para a iniciação à vida cristã, onde os pais são os primeiros catequistas. Por ser considerada um “eixo transversal da ação pastoral”, a família precisa ser respaldada por uma nova pastoral familiar. A família precisa ser também sujeito da ação política, para que o Estado assegure o exercício de direitos e deveres inerentes à vida familiar.
- Dar especial atenção às crianças, adolescentes e jovens nas comunidades eclesiais. O trabalho pastoral realizado pela Pastoral da Criança, pela Pastoral do Menor, pela Infância Missionária, merece um grande apoio para evitar que crianças e adolescentes tornem-se vítimas precoces do abandono, da violência, das drogas e abusos, ou lhes sejam negadas oportunidades e perspectivas de futuro.
- Despertar, valorizar e organizar os grupos juvenis para que se tornem comunidades de fé e de vida.
- Acompanhar a ação dos trabalhadores e trabalhadoras, criando e apoiando alternativas de geração de renda, assim como a economia solidária, o acesso ao crédito popular, a busca do desenvolvimento local sustentável e solidário e a formação para um emprego estável.
- Apoiar o trabalho da CÁRITAS da Arquidiocese de São Paulo, nas campanhas emergenciais, nos projetos de economia solidária e geração de renda, na acolhida e encaminhamento dos migrantes, imigrantes e refugiados.
- Incentivar a realização do Fórum das Pastorais Sociais nas Regiões Episcopais e na Arquidiocese, sob a direção da Coordenação Pastoral da Caridade Justiça e Paz, visando o entrosamento e a troca de experiências entre as diversas pastorais que atuam nas realidades sociais mais desafiadoras e o estudo e a reflexão sobre a Doutrina Social da Igreja.
- Acompanhar e estimular o trabalho realizado pela Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo e o Centro Santo Dias na defesa dos direitos humanos, no combate a toda forma de injustiça e violência contra a pessoa humana.
- Fortalecer a organização dos cristãos leigos e leigas por meio do Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo e dos grupos de articulação dos leigos, que vão se constituindo no âmbito dos setores pastorais, para o amadurecimento da vida, missão e vocação laical.
- Apoiar e incentivar a organização da Pastoral Afro, da Pastoral do Migrante e da Pastoral Indigenista em vista da inclusão social e da superação de toda discriminação e racismo, mediante a afirmação de seus direitos, cidadania, projetos próprios de desenvolvimento e consciência de suas próprias culturas.
- Educar os fiéis para a preservação da natureza e o cuidado da ecologia e da biodiversidade, através de iniciativas e ações que promovam a educação para o respeito ao meio ambiente.
- Estimular a participação social e política dos cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições, promovendo a sua formação permanente e iniciativas concretas, incentivando a sua participação nos partidos políticos, Conselhos Paritários e Comunitários, bem como de Direitos Humanos.
- Favorecer a colaboração e parceria das instituições católicas com outras instituições privadas ou públicas, com os movimentos populares e outras entidades da sociedade civil, nas causas justas e compatíveis com a fé e a moral cristãs, visando à implantação e execução de políticas públicas voltadas para a defesa e a promoção da vida e do bem comum, conforme a Doutrina Social da Igreja.
- Formar grupos de Pastoral de Fé e Política nas Regiões Episcopais, setores e paróquias, motivando e preparando os fiéis para a difícil e nobre ação política em busca do bem comum (Gaudium et Spes, 457), como testemunhas do Reino de Deus na Cidade.
- Apoiar e valorizar a atuação do Vicariato da Pastoral da Comunicação na Arquidiocese.
- Dar especial atenção à presença da Igreja nas periferias da cidade e também à Pastoral Carcerária.
- Investir na formação de pensadores e pessoas que estejam em níveis de decisão, para evangelizar os “novos areópagos”. Fortalecer a Pastoral Universitária e a Pastoral da Educação.
- "Apoiar e participar das ações do Vicariato Episcopal da Pastoral de Rua em nível arquidiocesano, regional, setorial e paroquial nas entidades e novas comunidades, acolhendo a população de rua a partir de uma 'cultura de misericórdia com base na redescoberta do encontro com os outros. Uma cultura na qual ninguém olhe para o outro com indiferença nem vire o rosto quando vê o sofrimento dos irmãos'". (MM 20)
- Acompanhar e apoiar a ação do Vicariato da Pastoral para o Povo da Rua, favorecendo a inclusão social, as expressões de religiosidade popular, o crescimento, aprofundamento e o testemunho da fé, que age pela caridade. Apoiar o Projeto “Vida Nova”, legado do Ano da Misericórdia na Arquidiocese.
- Educar para o valor da vida humana, a dignidade e os direitos humanos, o cultivo da saúde, a prática das virtudes humanas e a superação dos vícios.
- Prevenir contra o consumo das drogas e do álcool, da prostituição, da violência e de toda forma de agressão à dignidade da pessoa e da vida humana. Educar para uma vida sexual sadia, regrada, respeitosa e responsável.
- Realizar parcerias com a Defensoria Pública, para oferecer orientação e assistência jurídica aos paroquianos necessitados ou, ao menos, encaminhá-los para os núcleos existentes, quando necessário. Divulgar a cartilha de direitos humanos à população.
- Dar atenção especial aos idosos, animando a Pastoral da Pessoa Idosa, visando a sua integração na família e na sociedade, na busca constante da dignidade e da qualidade de vida física, psíquica e espiritual das pessoas idosas.
- Urgências na Ação Evangelizadora e Pastoral
- 1ª urgência: Igreja em estado permanente de missão
- 2ª urgência: Igreja – Casa da iniciação à vida cristã
- 3ª urgência: Igreja – comunidade animada pela Palavra de Deus
- 4ª urgência: Igreja – comunidade de comunidades
- 5ª urgência: Igreja Misericordiosa a serviço da vida plena para todos
- 6ª urgência –Igreja: família de famílias